13 de outubro de 2014

O moreno do interior

“- Acabei de sair de lá e estou indo pra casa.
- E AÍ? QUERO SABER DE TUDO! – gritou Lay do outro lado do telefone.
- Acho que nem querendo ser superficial a gente consegue perder a intensidade.”


Depois de um sábado agitado, acordei meio zonzo e com uma ressaca daquelas. João parecia ter realmente se encantado, já que havia três mensagens dele no whatsapp perguntando se eu tinha dormido bem e me convidando para sair. Domingo de feriado, Dona Maria sempre reúne umas amigas em casa e desce uma cerveja. Levantei, tomei um banho daqueles e vesti uma roupa para ir cumprimentar o pessoal que não via fazia tempo. Aproveitei, liguei para Lay e convidei para me fazer companhia.

Cerveja para lá, churrasco para cá, a tarde chegou e recebo uma mensagem no celular. Achei que fosse João e já ia abrir com olhos de repulso pelo excesso de interesse demonstrado. Mas, para meu espanto, o nome de Rafael aparece na tela. “E aí, filhote? Será que sai essa cerveja hoje?”. Respondi na mesma hora dizendo que se dependesse de mim, seria agora. Dez minutos depois, estava no carro com Lay indo encontrar Rafael em um boteco da cidade.

Como sempre, Rafael estava incrivelmente gostoso. De regata branca e uma bermuda jeans, a cor de pele morena e o cabelo bem liso preto fascinavam qualquer um. Do lado dele, a loira do dia anterior, que tinha que competir com todos os olhares que Rafael roubava quando passava nas mesas.

- Até que fim essa cerveja saiu, né? – falou dando um abraço forte.
- Pois é, cara. Bom saber que ainda sobraram alguns amigos do colégio aqui para companhia em uma cerveja pelo menos.

Lay nunca foi fã de Rafael na época do colégio, mas ficou abismada com o quanto ele estava gato. Assim que sentei vi sua cara babando e dei um sorriso como sinal de que havia entendido. Passamos a tarde conversando amenidades. Rafael estava terminando Agronomia e tomava conta das fazendas do pai na região. Musculação era quase uma religião de tão sagrada, só pecava mesmo com sua cervejinha. Isabela, a loira com quem estava saindo há um tempo, quase não falava e passou a maior parte do tempo retocando a maquiagem e mexendo no celular. Claramente, Rafael estava incomodado com a falta de simpatia, mas fingia não reparar.

Rafael levantou para ir ao banheiro e resolvi aproveitar para aliviar toda a cerveja acumulada. Depois de algumas garrafas, o clima de descontração parecia atingir um lugar mais liberal.

- Opa, veio me ajudar no banheiro foi? – disse Rafael com o olhar menor que o normal, mas o sorriso mais charmoso que antes.
- Se liga aí, rapaz. Sua vez! – sorri e empurrei Rafael para que entrasse no banheiro já que era sua vez. Alguns minutos depois ele sai ainda fechando a bermuda e sorrindo. Retribui o sorriso, fechei a porta e pensei como ele mexia descaradamente com meus desejos.

Já ia entardecendo quando Isabela resolveu ir embora depois que uma ex de Rafael apareceu no bar. Ele ainda insistiu para que ela ficasse, explicando que não havia mais nada entre elas. Ela não quis conversa e pegou o primeiro táxi que passou.

- Vá atrás dela, rapaz! Ficar nesse clima é péssimo.
- Que nada, Teteu! A Isa é muito cabeça dura e mimada. Tudo tem que ser do jeito dela. Não viu como ela ficou a tarde inteira? Mexendo na merda do celular. Fica em casa então se for para conversar com as amiguinhas pelo whatsapp.

- Realmente, isso é péssimo. Mas é um mal de todos nós, cara. Depois converse com ela e se acertem.

Passado o clima tenso e depois de uma rodada de tequila, proposta por Rafael para compensar o estresse de mais cedo, os ânimos se elevaram e o papo tomou um rumo bem mais quente.

- E lá em Salvador? Você deve aprontar todas, né? Bonitão desse jeito – falou dando um tapa nas minhas costas e deixando meu rosto um pouco vermelho.
- Quem dera, Rafa. Um dia chego no seu corpo e faço o sucesso que a galera gosta.
- Galera é? Quem faz parte dessa galera? – perguntou com a malícia no sorriso. Não me senti tão intimidado porque Lay estava na mesa do lado, onde encontrou umas amigas. Resolvi perder a vergonha de vez e cair no jogo de Rafael. Virei o resto do copo de cerveja e engatei no papo.
- Digamos que qualquer pessoa interessante e disponível faz parte dessa galera. O fim de um namoro faz com que o desejo de experimentar as coisas fique ainda maior – terminei de falar já pedindo outra cerveja ao garçom.
- Mais uma rodada de tequila?
- Até duas – sorri – mas, se eu passar mal, você me leva em casa.
- Mais tarde tem um reggae um na casa de umas meninas ali. Topa ir?
- Tô com Lay, esqueceu?
- Ué, lá tem uns marmanjos pra ela. Será muito bem-vinda por sinal!

Falei com Lay e ela aceitou a ideia, estava afim de curtir. Lay assumiu o volante, já que estava sem beber direito, e fomos seguindo Rafael. A festa era em um sítio próximo à cidade. Ao entrar, já nos deparamos com muita gente bonita, um som eletrônico tocando e o nível alcoólico claramente alto. Cinco minutos depois, Lay já estava de papo com um loiro que se me dissesse ‘oi’ eu já teria beijado ali mesmo. O jeito era beber. Rafael pegou duas bebidas e fomos para a pista montada ao lado da piscina. O calor foi aumentando e, de repente, Rafael resolve tirar a regata e exibir cada pedaço do seu corpo moreno esculpido na academia. Mesmo sem a barriga definida, o peitoral de Rafael te fazia imaginar coisas que passavam do limite da normalidade. Resolvi acompanha-lo e tirei a minha camisa. Apesar de não ser rato de academia, não fazia feio, e o cuidado com minha barriga sempre causou admiração dos olhares ao redor.

Percebi que Rafael olhou quando tirei a camisa, mas continuou dançando. O DJ resolveu inspirar na sequência que emendava “Doubble Bubble Trouble” de M.I.A. com “Phresh Out the Runway” de Rihanna. Se eu não estivesse vendo tantos casais heteros se pegando, eu teria certeza que, pela trilha sonora, aquilo era uma festa gay. Bebida no corpo, música ajudando, resolvi provocar Rafael e dançar com ainda mais vontade, olhando diretamente para ele. Ele percebeu claramente e sorria, desviando o olhar como quem tenta resistir. 

- Acho que as pessoas aqui poderiam se encaixar naquela galera que eu te falei – falei no ouvido de Rafael e dei um sorriso.
- As pessoas?
- Algumas. Talvez uma mais ainda – ele olhou assustado e eu achei que tinha ido longe demais e completei. – Talvez eu tenha entendido as coisas erradas.

Virei as costas para pegar uma bebida, mas Rafael achou que eu estava indo embora e puxou meu braço.

- Espera, porra! Vai embora agora? Assim?
- Relaxe, só vou pegar uma bebida. Ainda temos tempo... para aproveitar – já estava na merda, resolvi apostar tudo que eu tinha. Rafael claramente estava excitado com toda a situação, mas não sabia como agir. Peguei a bebida e aproveitar para avisar a Lay que poderia sumir a qualquer momento sem ter como avisar. Ela entendeu o recado, mas pouco se importou, já que estava nos braços do loiro fazia tempo.

Voltei e Rafael estava sentado no muro que dava para uma vista linda. Ele estava sério, pensativo, ainda mais bonito que o normal. Sentei ao seu lado e ele não desviou o olhar da paisagem.

- Morgou?
- Nada. Só aqui pensando umas doideras que, de vez em quando, passam aqui na cabeça.
- Doideras? Conte aí uma delas.
- Deixa pra lá.
- Fala, rapaz. Tem sido bacana estar com você, acho que podemos nos dar um voto de confiança, não?
- Talvez você não entenda e me ache um filho da puta escroto.
- Por que acharia?
- Porque eu tô morrendo de vontade de foder com uma pessoa que está nessa festa.
- Normal. Você bebeu e tem muita menina gostosa aqui. Só não esqueça de Isabela.
- O problema não é Isa. Não temos nada sério e já tô de saco cheio das frescuras dela.
- Qual o problema?

Rafael olhou para mim, sorriu e respondeu.

- O problema é que não sei se eu faço parte da galera – abaixei a cabeça e sorrimos juntos. – Putz, esquece o que eu disse, cara. Tô muito bêbado. Não sou viado, mas é que... é que... porra, velho, você dançando ali deixa qualquer cara nesse estado.
- Você não precisa explicar pra mim o que você é ou não, Rafa. Só me leva onde você quer ir e amanhã você resolve isso com você mesmo.

Nem pensei duas vezes em deixar as coisas acontecerem. Rafael era meu desejo e eu iria mata-lo aquela noite. Nem que fosse apenas uma noite, uma transa e fim. A última coisa que eu precisava era de relações que deixassem sementes para serem cultivadas mais tarde. Rafael era o tipo de sexo que a gente precisa quando só deseja expulsar o calor que sobra em cada fim de noite.

Fomos para casa dele. Os pais tinham viajado por conta do feriado de Carnaval e ele estava sozinho. Mal abriu a porta e Rafael me puxou pela cintura, deixando seu corpo, ainda sem camisa, colado no meu.

- Posso me arrepender disso amanhã, mas hoje vou te foder com a mesma vontade que você demonstrou querer enquanto dançava.

O beijo de Rafael parecia que ia me devorar pela boca. Com braços fortes, me segurava com força pela cintura e passava a mão nas minhas costas, descendo para minha bunda. Fechou a porta com o pé e me conduziu até o sofá. Tirou o tênis com os pés mesmo e me jogou no sofá, caindo por cima de mim. Nossos corpos pareciam se tornar um só com a intensidade que Rafael entregava nos apertos na cintura, nas mordidas na orelha e no pescoço e em cada beijo forte. Era como se ele quisesse depositar em meu corpo toda a raiva das minhas investidas durante o dia. Rafael arrancou sua bermuda e a minha. Deitei de bruços e ele ficou parado, olhando para minha bunda que, em instantes, seria sua.

- Hoje você vai aprender o que é um macho de verdade, desses que só se encontra no interior.

Rafael desceu a mão em minha bunda e, naquele momento, eu tinha certeza que teria um dos sexos mais fortes da minha vida. Soltei um grito, mais de susto que de dor, que em nada intimidou Rafael.

- Levanta e vamos para o quarto.

Entrei em seu quarto e me deparei com um dos lugares mais incríveis. Uma cama enorme e uma porta de vidro que dava para uma varanda e uma vista ainda mais incrível. Rafael pediu para eu esperar um pouco, que já voltava. Foi até o closet enquanto eu continuava admirando a varanda. Voltei para a cama e resolvi provocar ainda mais. Deitei com a bunda bem exposta, esperando que Rafael voltasse, mas só conseguia ouvir algum rock bem forte no fundo, que me lembrava Muse. Sem ao menos esperar, sinto um cinto estralar em minha bunda.

- Quero que você seja obediente, Teteu!

Olhei para trás e Rafael estava com um cinto na mão, completamente nu e com os olhos que ardiam de tesão. Na bancada atrás, alguns pacotes de preservativo, uma venda e gravata preta.

- O que você vai fazer?
- Confia em mim?
- Posso confiar?
- Não tenha dúvida. Apenas se permita experimentar hoje, com um homem de verdade.

Já tinha entendido as intenções de Rafael mesmo nunca tendo feito sexo daquele jeito. Apenas juntei os pulsos em sinal de permissão para que ele me amarrasse. Rafael pegou a gravata, deu um nó forte e, em seguida, vendou meus olhos. A sensação de vulnerabilidade deixava as coisas ainda mais excitantes. Rafael poderia me matar, mas o meu desejo em ser possuído por aquele homem chegava a um limite que eu não conseguia usar o lado racional.

Fiquei de quatro, como ele pediu, e Rafael me deu uma surra de cinto que parecia aumentar o desejo dele com toda aquela situação. Senti sua boca beijando meu pescoço e descendo pelas minhas costas. Rafael levantou e foi me penetrando. Por ser grosso, seu pau acabou machucando um pouco no começo, mas, mesmo com toda dominação, Rafael soube esperar o tempo adequado para que meu corpo se acostumasse com ele dentro. Minutos depois, ele resolveu me mostrar que realmente estava interessado em me foder de verdade. O vai e vem parecia não ter descanso, e Rafael me penetrava cada vez mais fundo. Segurava minha cintura com a firmeza que seus músculos já denunciavam antes e enfiava todo seu pau como se aquilo fosse a última coisa que ele faria na vida.

Resolvi rebolar para atiça-lo ainda mais. Foi quando ele resolveu sentar na cama e me colocar em seu colo. Assim que nos encaixamos, ele tirou a venda e a gravata, olhou dentro dos meus olhos e me pediu para que eu mostrasse a ele o que era um cara dando de verdade. A dúvida se aquela era a primeira experiência gay de Rafael me fez querer que a nossa transa fosse inesquecível para ele. Subia e descia bem devagar, provocando suspiros em Rafael. De repente, aumentei a velocidade e mostrei aquele homem da fazenda como se monta de verdade. Rafael não conseguia controlar os gritos e descontava seu tesão em tapas fortes em minha bunda. Não demorou muito para que ele gozasse, urrando de prazer enquanto me segurava com força, colando seu rosto em meu peito.

Deitamos na cama, olhando para o teto, e rimos daquela experiência. Diferente do que eu imaginava, Rafael foi super carinhoso após o sexo. Colocou minha cabeça em seu peito e ficou acarinhando meu cabelo. Já passava da meia noite, mas, para mim, o tempo era o menor dos problemas naquele momento.

- Realizada uma das suas doideras? – Rafael sorriu.
- Com prazer e que prazer.

Ficamos em silêncio, só sentindo nossa pele tão próxima e a respiração um do outro.

- Sabe, nunca imaginei que aquele menino do colégio, matuto e fechado, poderia ter desejos sexuais por outro cara.

Rafael ficou em silêncio. Olhei para o seu rosto e ele estava sério. Pareceria não ser o mesmo de minutos atrás.

- Aconteceu alguma coisa?
- Não. Nada. Só acho que tá tarde e é melhor você ir.
- Tudo bem. Vou chamar um táxi, só me passa seu endereço.

Nos despedimos com um abraço, mas sem a cobrança de “dessa vez a gente combina de tomar uma breja”. Entrei no táxi e, no caminho de casa, vi as mensagens de João e Pedro. João, me convidando para ir a sua casa, e Pedro dizendo o quanto meu sumiço deixava ele preocupado e machucado. Pelo visto, em Salvador, as coisas permaneciam com os mesmos nós que eu não desatei antes de viajar.

Mateus

4 comentários:

Anônimo disse...

Não some não gente. Pelo amor

Anônimo disse...

Posta mais ^^

Anônimo disse...

Ja tava ate sofrendo aq com a falta de post. Não sumam não hein? Haha

Anônimo disse...

Amei esse post, foi bem intenso. E como o pessoal já falou, não some! Essa história é muito boa e muito bem escrita <3